segunda-feira, 28 de março de 2011

A Goiabeira

Nos fundos da casa fazia divisa com um muro, do outro lado tinha um pé enorme de goiabeira. Estava tão carregado que nos dava água na boca. Nós pedíamos mas não havia forma de retirarem ao menos uma. Um dia minha mãe saiu e nos recomendou muito juízo mas aquelle dia a vontade era tanta que não resistimos (isto foi na mesma época da primeira mudança, ainda éramos crianças) a tentação. Aí minha irmã mais velha inventou de arrancar umas goiabas. Vimos que os vizinhos tinham saído, aproveitamos a saída da minha mãe e pusemos as mãos em ação. Pegamos uma vara de bambu que tinha uns 6 metros de comprimento que minha irmã já tinha com uma sacola como se pega borboleta. Com esta vara ella empurrava pelo muro até ficar debaixo de uma goiaba e com outra vara comprida cutucava até cair na sacola. Chegamos a tirar umas dez goiabas e como eram gostosas! No outro dia a dona das goiaba nos pegou tirando. Não disse nada, mas à noite mamãe teve uma visita. Quando vimos quem era quase morremos de medo porque sabíamos o que viera fazer. Mamãe não disse nada a noite mas de manhã nos pôs todas em filla e foi aquela conta. Quase que tivemos de fazer banho de salmoura e a vizinha ainda com jeito de boazinha, disse a mamãe que se tivéssemos pedido ela daria quanto quiséssemos. Que cinismo. Assim é que as vezes as crianças são tão revoltadas e ficam conhecendo as maldades do mundo. Isso aconteceu na casa que fomos obrigados a se mudar porque o dono tinha morrido e os herdeiros iam morar lá. Era uma família grande e eram muito bons.

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