terça-feira, 12 de julho de 2011

A chácara da tia Leocádia

Eu tinha uma tia que morava no Fragata e tinha uma chácara na lomba, era um subúrbio da cidade de Pelotas. Pedíamos a mamãe para passar os domingos lá. Ella só dizia, se trouxeem notas bôas, e sermos obedientes ella nos levava. Nos esforçávamos para fazer tudo bem feito e assim quando chegava o domingo, ficávamos na expectativa se íamos ou não. Chegava ao meio dia despois do almoço, ela dizia podem ir se aprontando que a uma hora pegaremos o bonde. Naquele tempo era as únicas conduções, era o carro - chamavam trole e o bonde.
Dávamos pulos de alegria, e fazíamos o que tinha que fazer e iamos se aprontar ligeiro. A uma hora em ponto estávamos já no bonde, que alegria. Já levávamos roupa de guerra e deixamos lá, era só mudar. Como era bom brincar ao ar livre, correr nos campos. A chácara era muito grande, o fundo acabaria com dois morros com uma grama tão verde que não podíamos deixar de subir bem no alto, e se rolar até embaixo. E como ríamos! Nós parecíamos uns pássaros soltos para liberdade, a correr e parecia que voávamos pelo ar. Quem mora na cidade bem no centro é que sabe da valor a um passeio no campo.
As 4 horas voltávamos para tomar um lanche que só tia Leocádia sabia preparar. Compunha-se de um refresco de suco de uva pura, e frios, bôlo e umas bolachinhas com nome de queques. Com fome das correrias, em dois tempos limpávamos tudo. As cinco horas, mamãe dava a ordem de voltar. Mudávamos de roupa rápido porque mamãe quando dizia vamos, não se discutia. Voltávamos alegres, dispostas, coradas e afobadas de tanto brincar e correr. Foi um domingo maravilhoso.

Lembro de uma vez que fomos passar o domingo na chácara, caiu uma nuvem de gafanhotos na altura de uns 30 centímetros. Eu enfiei um par de botas do meu primo e as primas também e fomos por cima dos gafanhotos a bater tampas de panela e folhas para espantá-los. A sorte foi que não era tempo de plantações. Assim mesmo fizeram muito estrago nos pomares e na horta. Que saudades destas brincadeiras e loucuras que fazíamos.

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